sábado, 27 de setembro de 2014

HORIZONTE AZUL

Ao colocar meu olhar sobre o asfalto percorrido, usava botas de léguas.

A caminhada fora longa e muito rápida.
Agora o que o horizonte me parece tão próximo, o que é preciso?
Despojar o supérfluo. Conhecer o sabor novo da garoa e da chuva criadeira caindo fria sobre meu eu.
Descalça, peregrina e andarilha, terrivelmente apaixonada pela vida, quero usufruí-la com a sabedoria que só a vivência nos traz. Deixarei as mágoas soterradas debaixo de alguma árvore frondosa à beira do caminho, para que suas raízes as empacotem para sempre. Guardarei as boas lembrança, e na hora do repouso á margem da estrada, o descanso será repleto de saudade mansa. Cheia de esperança colherei vivências novas, bem escolhidas para compor a harmônia do ramalhete, resto de minha existência. Procurarei desviar os pedregulhos que muitas vezes nos levam a escorregão com fraturas fatais. Da mesma maneira, se existir ainda algum rochedo em meio a este caminho, que eu tenha a calma suficiente para encontrar o atalho.
E se houver uma encruzilhada, haja o discernimento para a escolha certa. Haja forças para qualquer escalada, porque a vigilância cuidadosa está presente. E na descida íngreme, não me falte o cajado, ou o ombro amigo.
Assim, mais liberta e despojada, alcance no dia já determinado o horizonte azul.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Choveu Amarelo.

Para não falar em eleições, um dos assuntos preocupante e atual é a falta de chuva.
A chuva ameaça igual mãe sem pulso:" Menino, não faz isto, senão vai de castigo!" O menino faz, mas não vai de castigo. E a chuva não vem!
O prenúncio de racionamento está na porta, pior é que vai vir.
O céu de brigadeiro das 7 horas da manhã vai se vestindo de cinza, fazendo a noite chegar de dia, e agente pensa : "Vai chover", mas não chove!
Hoje os pássaros acordaram  super cedo, acho que foi por conta de alguns pingos na madrugada, mas, Não chove!
Racionamento  já tem, mas está fantasiado de Limpeza Temporária. Na escola a professora anda falando para meninada fazer xixi um por cima do outro e dar menos descarga. Não pode lavar jardim, nem regar planta, nem pensar em atender um telefone e deixar a torneira aberta ( este esquecimento seria imperdoável) muito menos  ir ao chuveiro e deixar a água escorrer...Não pode.
Só o que pode mesmo, é rezar e esperar as chuvas chegarem.
Enquanto isto vou me deitar preocupada. Penso no que vai ser desta cidade tão populosa se as águas não rolarem. Sujeira, mau cheiro, doenças, indústrias parando, animais morrendo, economia degringolando, escolas a fechar portas isto para não falar em hospitais!
 E nesta angustia caio em sono árido.
Pela manhã, abro minha janela. O ipê está florido.
Choveu amarelo.