sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ACAMPAMENTO



Uma manhã fria e nebulosa. Sai da tenda armada a beira rio. Se estivesse em sua cama macia , com certeza não deixaria o leito tão cedo, mesmo que a luz raiasse por entre as frestas da persiana do quarto.
A relva umedecida pelo orvalho risca a botina de pequenas linhas de água.
Coloca os óculos para viver.
E pensar, que nunca os usara. Mas, com a idade : a vista cansada.
Com a idade tudo vai cansando
Os olhos, os dedos da mão endurecendo, cansados de obedecer; os joelhos passam a “espinhar”,os pés parecem que crescem, requisitando número maior de calçados, os ouvidos começam a captar somente os que lhes agrada e  como querem ouvir e por ai vai indo numa ladainha de  “dói aqui, dói ali,não são mais como eram”.
Embora agasalhada, sente frio. Senta sobre uma pedra próxima  à beira do rio, e deixa o ameno calor que nasce lhe aquecer.
O pensamento voa desnorteado, tentando ver o que ainda lhe resta, mas prefere voltar ao passado.
Os dissabores esmaecendo, perdidos no esquecimento enquanto as boas recordações e alegrias borbulham freneticamente  e terminam o devaneio num acorde: Como fui feliz!
O cheiro do café da manhã perambula pelo ar.
Chega ao cozinheiro, que com maestria em uma cozinha improvisada no campo prepara os alimentos.
Apanha um pastel de massa folhada, perfumado e quente. A primeira dentada, esfarela pelo bordado inglês da blusa. Sacode as migalhas.
Um camundongo de olhar vivo, está a postos. Vai ter banquete na mata.
Um gole de café bem quente reanima todas as forças.
O homem de barba branca observa algo na montanha distante com seu binóculo.
Aquecida e  reanimada prepara-se com todos os companheiros, para mais uma jornada.  Os acompanhantes juntam tudo. Os botes são inflados e colocados na água.
Tomam seus lugares. Uma correnteza  espera para impulsionar os botes.
Continuam descer o Rio Colorado.

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